Quando a dieta e a malhação não conseguem acabar com as gordurinhas localizadas, a lipoaspiração passa a ser o principal objeto de desejo das pessoas mais vaidosas. Dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) revelam que, junto à mamoplastia de aumento, ela lidera o ranking das cirurgias estéticas mais realizadas no país. Ao longo dos últimos 20 anos, o procedimento tornou-se mais seguro, mais acessível e pode ser conduzido com diferentes técnicas. A mais recente delas é a lipoaspiração a laser, também conhecida como lipolaser ou laserlipólise. O calor emitido por essa fonte de energia derrete a gordura e permite o uso de cânulas bem fininhas, proporcionando um corpo remodelado sem as conhecidas agressões do método convencional.
Para o cirurgião plástico Alexandre Charão, Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, a modalidade tem mostrado excelentes resultados. Ele explica que o trauma na região operada é menor e que a lipo a laser é praticamente indolor. “Além disso, a retração da pele é uma grande vantagem dessa técnica. O laser estimula a produção do colágeno, reduzindo a flacidez. O sangramento é mínimo e a recuperação é muito mais tranquila”, afirma o especialista, que há 1 ano lança mão do método.
Segundo Charão, 90% daqueles que fazem a lipolaser voltam a trabalhar no dia seguinte ou após dois dias e estão liberados para atividades físicas uma ou duas semanas depois. “Mas não basta ter o equipamento à disposição. O cirurgião deve ter treinamento com a tecnologia para conduzir o procedimento com segurança, proporcionar bons resultados e pós-operatório melhor do que as lipos convencionais”, alerta.
No Rio de Janeiro, o laser tem conquistado pacientes e profissionais, como a cirurgiã plástica Patrícia Amaral, que o considera um avanço capaz de revolucionar a cirurgia estética. De acordo com a médica, a energia chega ao local da intervenção por via transcutânea e é regulada para destruir somente as células de gordura, sem danificar os vasos vizinhos. Pelos métodos mais tradicionais, os traumas vasculares e nervosos da região tratada são praticamente inevitáveis. “A luz do laser facilita muito o trabalho do profissional. O risco de perfuração de outras estruturas é praticamente zero, o inchaço e os hematomas são bem minimizados e o paciente recebe alta hospitalar no mesmo dia. Às vezes, nem é preciso pontos”, diz.
Os traumas provocados pela lipoaspiração convencional estavam entre os argumentos que impediam Mariana Alencar, 18 anos, de passar pelo procedimento. A jovem conta que foi uma criança gordinha e que sua herança genética não favorecia os contornos definidos. “Tinha uma barriguinha e um culote que sempre me incomodaram. Não usava biquíni nem roupas justas de jeito nenhum. Minha mãe, que é médica, achava que eu era muito nova para me submeter à técnica tradicional”, explica. Quando soube da lipo a laser, Mariana conseguiu reverter a história e ganhou sinal verde dos pais. A cirurgia foi feita em maio. “Não senti dor, o único incômodo foi usar a cinta. Os resultados já estão aparecendo. Não arrisquei o biquíni ainda, mas as roupas mais sequinhas já fazem parte do meu guarda-roupa. É uma sensação de liberdade incrível poder vestir peças que, antes, eram apenas desejadas. Minha autoestima está lá em cima”, revela.
A advogada Milena Chaim, 35 anos, também se rendeu ao laser. “Já fiz a cirurgia pelas duas técnicas. A diferença é realmente marcante. O procedimento convencional me deixou cheia de hematomas e com dor, o que não ocorreu com o laser. Voltei a trabalhar em uma semana e em 15 dias estava malhando. Como engordei muito durante a gestação, fiquei com estrias marcantes no abdômen. O laser minimizou essas cicatrizes e não deixou a pele flácida”, comemora Marcela, que afinou a cintura e eliminou de vez a gordura da barriga. “Vou fazer nas pernas também”, avisa.
Ressalvas -Alguns cirurgiões consideram que a lipoaspiração a laser não é tão segura. A controvérsia gera discussões e polêmicas no meio médico. Alguns cirurgiões avaliam que essa forma de energia rompe aleatoriamente as células de gordura e que a técnica impede o especialista de fazer um remanejamento de tecido adiposo, a chamada lipoescultura.
O sangramento reduzido por causa do laser é outro ponto questionado por alguns especialistas, já que a cauterização dos vasos sanguíneos causaria falta de oxigênio e poderia necrosar a pele. “Houve um aprimoramento da tecnologia e, hoje, a possibilidade de queimar o tecido é mínima. A afinidade do laser é somente por proteínas que se encontram na superfície das células de gordura”, alega Patrícia Amaral. Os médicos que usam o laser reconhecem, porém, que, como em todo procedimento cirúrgico, há chances de intercorrências. Choque anafilático e infecções são alguns deles. “As lipoaspirações não visam o emagrecimento, mas o contorno corporal. Qualquer técnica que seja utilizada é contraindicada em pacientes que apresentem problemas sérios de saúde”, alerta o cirurgião Alexandre Charão.